Lei Anticorrupção: como fortalecer a governança corporativa

2 de outubro de 2024

A promulgação da Lei Anticorrupção representou um marco na legislação brasileira ao responsabilizar as pessoas jurídicas por atos lesivos contra a administração pública, incluindo práticas de corrupção. Nesse contexto, a governança corporativa se torna uma ferramenta essencial para as empresas garantirem a conformidade com a legislação e promoverem uma cultura ética e transparente.

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O que é a Lei Anticorrupção?

A Lei Anticorrupção (lei nº 12.846/2013), também conhecida como Lei da Empresa Limpa, trata da responsabilização administrativa e civil de empresas por atos que prejudiquem a Administração Pública. Seu objetivo é combater a corrupção por meio de sanções às empresas e indivíduos envolvidos, além de recuperar os danos causados. A legislação incentiva a adoção de práticas preventivas e de uma cultura de integridade corporativa.


Quais são os principais desafios na implementação da Lei Anticorrupção?

A implementação da Lei Anticorrupção pode ser desafiadora para as empresas, especialmente considerando a complexidade do ambiente de negócios e as particularidades de cada setor. Alguns dos principais desafios incluem:

1.      Cultura organizacional:

Mudar a cultura interna para promover a ética e a conformidade com a lei é um desafio significativo. Isso envolve conscientizar os colaboradores sobre os riscos da corrupção e garantir que todos estejam comprometidos com a integridade.

2.      Identificação de riscos:

Mapear e identificar os riscos específicos de corrupção dentro da organização é crucial. Isso requer uma análise detalhada dos processos, relacionamentos com terceiros e áreas vulneráveis.

3.      Implementação de políticas e procedimentos:

Desenvolver e implementar políticas internas de compliance, códigos de conduta e canais de denúncia são passos essenciais. Garantir que essas políticas sejam eficazes e compreendidas por todos é um desafio constante.

4.      Conscientização:

Capacitar os funcionários para promover uma cultura ética exige conscientização e comprometimento em todos os níveis da empresa.

5.      Monitoramento e auditoria:

Manter um sistema robusto de monitoramento e auditoria é desafiador. É necessário avaliar regularmente a conformidade com a lei, identificar desvios e corrigi-los.

6.      Relacionamento com terceiros:

Empresas, muitas vezes, têm relações comerciais com fornecedores, parceiros e clientes. Garantir que essas partes também estejam em conformidade com a lei é um desafio adicional.

7.      Sanções e penalidades:

A Lei Anticorrupção prevê sanções severas para empresas que não cumprem suas disposições. Evitar penalidades requer vigilância constante.

Portanto, a implementação bem-sucedida da Lei Anticorrupção exige um compromisso contínuo, envolvimento de toda a organização e adaptação às mudanças regulatórias e de mercado.


Integração da Lei Anticorrupção na Governança Corporativa

Diante do cenário global que demanda mais transparência, as leis anticorrupção se tornam mais rigorosas. Então, as empresas precisam estabelecer práticas de governança corporativa para prevenir desvios de conduta dos profissionais, garantir o compliance e fortalecer a ética nas operações organizacionais.

A adoção de medidas de governança corporativa pode fortalecer a prevenção e detecção de atos de corrupção, bem como mitigar os riscos associados a essas condutas ilícitas.

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4 pilares da Governança Corporativa

A governança corporativa se baseia em princípios fundamentais que orientam a administração ética e transparente.

  • Transparência: envolve divulgar amplamente informações sobre processos financeiros, operações e estratégias da empresa. A transparência preserva o valor da companhia e promove a confiança entre todas as partes interessadas.
  • Equidade: refere-se a tratar todos os acionistas e partes interessadas de forma justa e igualitária. Isso inclui garantir que os direitos e benefícios sejam distribuídos de maneira equitativa.
  • Prestação de contas (Accountability): os gestores devem ser responsáveis por suas ações e decisões. Isso envolve prestar contas aos acionistas, clientes, funcionários e à sociedade em geral.
  • Responsabilidade corporativa: as empresas devem agir de maneira responsável, considerando os impactos sociais, ambientais e éticos. O que inclui práticas sustentáveis e compromisso com o bem comum.

Veja os benefícios da integração

  • Controle interno fortalecido: A integração da Lei Anticorrupção com as diretrizes de governança corporativa fortalece os mecanismos de controle interno. Empresas que adotam boas práticas tendem a estar mais preparadas para prevenir e detectar irregularidades, implementando políticas de compliance eficazes.
  • Transparência nas relações empresariais: A transparência é essencial para construir confiança com stakeholders. A harmonização entre a lei e a governança promove maior transparência nas operações, reduzindo o risco de corrupção.
  • Responsabilidade ética: A governança corporativa reforça a responsabilidade ética das organizações. Ela cria uma cultura de integridade em todos os níveis hierárquicos, alinhando-se aos objetivos da Lei Anticorrupção.

Como promover a governança corporativa aliada com a Lei Anticorrupção

1.      Programas de Integridade:

As empresas devem desenvolver e implementar programas de integridade robustos, incluindo códigos de conduta, treinamentos e canais de denúncia. Isso ajuda a prevenir e detectar práticas corruptas.

2.      Avaliação de Riscos:

Identifique áreas vulneráveis e mapeie os riscos específicos de corrupção dentro da organização. Por exemplo: se a sua empresa tem relações com órgãos públicos, quais operações podem sofrer atos de corrupção. Se o seu negócio costuma receber ‘brindes’ e ‘presentes’, avalie o risco de que essas premiações possam corromper funcionários.

3.      Mecanismos de Controle Interno:

Implemente departamentos de controle interno para assegurar a transparência e imparcialidade dos procedimentos e decisões. O que envolve o monitoramento dos riscos, o cumprimento dos programas de integridade e a análise das condutas de profissionais se houverem denúncias de supostas participações em casos de corrupção.

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4.      Auditorias Regulares:

Um sistema robusto de auditoria e monitoramento deve ser implementado para detectar e corrigir desvios.

5.      Treinamento:

Capacite os funcionários sobre os riscos da corrupção e a importância da conformidade.


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